Acabadinho de chegar ao meu e-mail.
É grande, mas vale a pena gastar um bocadinho do nosso tempo… não se vai arrepender de o ler.
Sr. Engº José Sócrates,
Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.
Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).
Gostaria de começar por lhe falar do "Magalhães". Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.
O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto "Magalhães":
No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.
No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o "Magalhães" é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o "Magalhães".
No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros "Magalhães" na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.
No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um "Magalhães" debaixo do braço.
Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do "Magalhães". Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.
Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o "Magalhães"? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo de artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.
Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suas iniciativas!
Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.
Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor,então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.
Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é "obstinado", como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!
Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinar as metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.
Mas, por falar em Velho do Restelo...
.. Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.
Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de Castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20 anos.
Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:
"Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)"
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas nol eito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?
Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.
Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por "alegado teor pornográfico" e o de Inês de Castro igualmente, por "incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade".
Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do "lápix" azul?
E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?
Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.
Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.
Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.
Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.
A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.
Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder coma sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...
Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?
E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresentauma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.
Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas "os meus sentidos pêsames".
Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, éque eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.
Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah...espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...
Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir "senhor engenheiro para cá", "senhor engenheiro para lá". É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.
Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas. Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
"A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias? "
Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,
17 comentários:
nem mais... a campanha magalhães n passa disso mesmo...
Adorei perder algum do meu tempo com esta mulher corajosa.É sem dúvida uma mãe preocupada!E sobretudo atenta!
Só não concordo com a parte em que a sra diz que a escola deve dar continuidade ao trabalho que ela faz com o filho!Acredito que esta senhora faça a diferença.Mas é um caso!
Poucos são os Encarregados de Educação que se preocupam com os seus educandos! E para não falar de como é a maioria dos ambientes familiares!
Eu sei que há escolas difíceis,complicadas mas há muitas escolas em que os alunos não andam a atirar cadeiras pelos ares!nem a escrever redacções em linguagem sms.
A escola não pode ser responsabilizada pela educação das crianças!!!
É exactamente por se exigir à escola que forme o carácter e ocupe todo o seu tempo livre que a própria escola não consegue cumprir este papel.Nem pode.Nem deve!
A educação não vem mas deveria vir de casa!
Mas na sua génese a carta está óptima!
Eu sei que os programas são algemas para os bons professores..enfim...
Adorei essa do plano!!! Que planos tem para integrar o "Maga" nas aulas?????
E como sempre os professores é que fazem figura triste quando alguém questiona acerca do assunto!
E com tantas reuniões que as escolas são obrigadas a fazer! Enfim!!!
Quando a senhora mencionou a prof de português que colocou no quadro os pressupostos da sua disciplina- emoção, entrega e trabalho remeteu-me para Augusto Cury em "Nunca desista dos seus sonhos"
Esta carta tem pano para mangas mas eu não vou desdobrar as mangas porque falar é perigoso!
Foi bom teres trazido esta carta para tomarmos consciência do real!
Parabéns a essa mãe felizmente preocupada!
Beijinho voador
Poppie
Esse magalhães … mais parece que estão a vender gato por lebre!!!
E a usarem as crianças para vender a sua propaganda … é demais!!!
Verónica
Nem mais … a educação deveria vir de casa. Acredito que nem todas as escolas tem alunos que atiram cadeiras e agridem os professores e os auxiliares. Como bem dizes, a escola não pode ser responsabilizada pela educação das crianças… mas sim a família.
Ainda sou do tempo que a educação começava em casa. Que o respeito pela escola e pelo/a professor/a era igual e por vezes mais do que tínhamos pelos nossos pais.
Podem dizer que “isso era outros tempos…agora vivemos numa sociedade diferente” mas para mim a educação é intemporal.
Ficaria tanto por dizer, mas tanto… mas este assunto tem pano para mangas não é?
Bjs voadores
Esta carta dá voltas à minha cabeça!E tenho pena de não poder responder como gostaria!
Mas voltei por causa de um pormenor que me escapou da 1ª vez. Tem muitas pontas por onde se pegar!
A senhora fala que a sua geração acabou por ser mais empreendedora,gente que arriscava, que apostava e sonhava! e exemplifica.Concordo plenamente!
Só não concordo com as reguadas!Não acho que se deva humilhar ninguém pelos erros ortográficos!Se fica trauma ,fica sim! Eu sei de casos de pessoas que passaram um mau bocado no ensino exactamente devido a essas humilhações!Como a senhora é jornalista provavelmente nem chegou a apanhar,não sei! Eu sou contra todo o tipo de violência exercida sobre quem for. Porque há diversos tipos de violência; a física,a verbal e até com o silêncio se agride!!!
Ao falar das reguadas penso que será com a intenção de reforçar a ideia de que se passou de um extremo para outro. Hoje um aluno não é penalizado por nada.
Porque hoje um aluno é um mero número que contribui para as estatísticas.
Há muitas formas de educar sem ser através da pancada!
Há muitos adultos que se metem com as crianças porque elas coitadas são a parte mais fraca!
E fico por aqui...
Beijinho voador
Boa semana
Verónica
Concordo contigo. Do que foste falar… as reguadas… lembro-me muito bem??? Ó se apanhei…
Quando um aluno fazia asneira eram todos que apanhavam… lembro-me bem demais!!
Entrei para a 1ª classe em 1973, ou seja, antes do 25 de Abril. Estava numa escola que não me deixou boas recordações.. nem a escola nem as professoras!! Lembro-me muito bem sim … todos encostados a parede e com os braços estendidos…. E não era só uma em cada mão não!!
No dia 25 de Abril de 74 a minha mãe não me deixou ir à escola e fiquei em casa. No dia seguinte fui à escola e fui criticada pela professora de não ter ido… lembro-me bem de algumas das suas palavras “Que foi?!?!?! Não vieste?!?!? Tiveste medo foi??!?!” e mais algum que já não me lembro bem … porque com as risadinhas dos outros alunos fiquei bloqueada. Até parece que não ter ido à escola tinha sido uma escolha minha!
Minha mãe tirou-me de lá e fui para uma escola pública. Lá nunca vi reguadas e nem vi as professoras a tratar dessa maneira os alunos… pelo menos na minha turma.
A 1ª classe foi tão traumatizante para mim e vinha de lá de tal maneira que a professora da 2ª classe teve que chamar a minha mãe. Era calada, tímida e tinha dificuldade em aprender. Acabei por não passar para a 3ª. Mas naquela escola sempre tive apoio.
É algum que marca uma criança. Fica muito por dizer, fica muito mesmo…
Bjs voadores e uma bos semana pra ti também
E ainda há mais um pormenor! Não sou nada a favor de decorar.Penso que é melhor compreender e tentar fixar através de referências.Ou mais importante se um professor conseguir demonstrar!
Eu lembro-me quando era aluna do liceu,não sei se foi no
9ºano ,mas tirei um 19 porque decorei toda a matéria e nem por isso hoje percebo mais de geografia!
Quanta coisa decoramos e dizemos aquela ladainha sem interiorizar nada.
Eu era miúda , ensinaram-me a rezar o terço e eu naturalmente fazia o que todos fazem ,papagueva as orações. Até que um dia eu senti necessidade de pensar no conteúdo das mesmas e lembro-me que para mim foi uma descoberta!
Beijinho voador
lol
O decorar!! Também fiz isso sim! Decora-se mas não se aprende.
Em relação às orações, não sei rezar o terço… só sei o Pai Nosso… meus pais nunca foram muito de obrigar a saber as orações.
Para sentir, crer e ter fé não é preciso decorar orações não é? Isso dava outro assunto de conversa :-)
Bjs voadores
Quando me referi às reguadas e à humilhação, não pretendia defendê-las como metodologia. Só queria dizer que muita gente competente, empreendedora e criativa também "resulta" de métodos exigentes, ainda que exagerados.
Em todo o caso, Helena Cristina Pereira não é a autora dessa carta. Por favor, não deixe de visitar maepreocupada.blogspot.com.
Penso que andamos em sintonia,smile! beijo voador
Agora para si,mãe preocupada,fui ao seu blogue e deixei resposta. Os métodos exigentes que ultrapassam os extremos podem resultar com meia dúzia de pessoas!Mas não garante nada! É preciso que o ambiente familiar seja muito acolhedor, afectuoso e apologista do diálogo.E nos dias que correm a maioria das famílias deixaram de o ser(famílias)! A criança está ainda mais só!Mas isto não acaba aqui!
Fica muito por dizer!
Bom dia!
Smile,desculpa ter usado o teu espaço!
hei Smile... que letra tão pequenina... está dificil de ler amiga...
Bjs vizinhais
Mãe preocupada
Em primeiro lugar as minhas desculpas por constar um nome que não é o seu. Mas quando recebemos e-mails a informação por vezes acaba por se perder ou então é acrescentado algum que não consta no original. Já retirei.
Se nesta sua carta constar algum (ou que falte) que não seja seu diga que eu altero.
Gostei de ler a sua carta e sinto a sua preocupação e por esse motivo é que a divulguei aqui.
Em relação às reguadas e por ter levado tantas não foi algum que me levou a estudar mais ou ser mais aplicada ou ter mais respeito pela escola e pelos professores. Eu sempre tive esse respeito porque meus pais me ensinaram a ter respeito e a ser alguém. Não tenho boas recordações da 1ª classe. A minha dificuldade foi depois… estava de tal maneira traumatizada e como mencionei num comentário anterior foi-me difícil lidar com a situação na 2ª classe à qual acabei por não passar. E foi numa escola pública, por incrível que possa parecer, que aprendi mais e comecei a gostar de aprender, porque tive professores incríveis e me ajudaram a ultrapassar a situação.
Mas cada caso é um caso.
Claro que não concordo com o que se passa hoje em dia em certas escola, a situação passou do 8 para 80. Tanto de um lado como do outro tem que existir mútuo respeito. E é o que falta hoje em dia o mútuo respeito, não só na escola como na sociedade em geral.
Tudo de bom pra si e para os seus.
Verónica
Estás à vontade. Não há problema algum. Isto é um espaço aberto. :-)
Bjs voadores
Fiel
É pequenina não é? Mas a carta era longa e tive que reduzir a letrinha ;-)
Amiga se quiseres envio por e-mail :-)
Bjs vizinhais
lolol Está demais!!!
Valeu a pena o tempo a ler!!! A senhora da limpeza assutou-se com as gargalhadas, mas como sabe que não sou boa da tola e que de vez em quando me rio para o monitor, deve ter achado que era mais um episódio da minha loucura. lolololol
1 beijo esvoaçante e gargalhante lolololol
Maripoza,
Rsrsrs
Bem… isso é que foi rir!!!
A uma colega minha só a ouvia a dizer: Ahhhhhhhhhh!!! Hiiiiiiiiiiiiii!!!! Ahhhhhhhhh!!! Hiiiiiiiiiiii!! E não sai dali!! :-)
Bjs e gargalhadas
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